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Conectando o Brasil ao Vale

Atualizado: 1 de set. de 2022


Cheguei ao Vale do Silício em outubro de 2012 com o propósito de casar e de me reinventar profissionalmente, embora na época, eu desconhecesse o que era o Vale do Silício. Recém-chegada, falava e entendia um inglês bastante limitado, porém estava com o coração cheio de esperança e de boa vontade para nascer e crescer num país estrangeiro, que é conhecido como o País das oportunidades.


Sem conhecer nada, não tinha amigos, comecei a acompanhar o marido. Eu o acompanhava nas reuniões, negociações, em cafés e em todos os encontros que me permitiam participar, felizmente, participei de muitas reuniões e participo até hoje.


Casei com o David, norte-americano, mentor e instrutor na Universidade de Stanford, engenheiro eletricista e consultor internacional, especializado em nanotecnologia, tecnologia na educação, estratégia de negócios e sediado no Vale há mais de 25 anos, ou seja, um especialista em Vale do Silício.


E por que eu coloquei aqui o currículo do David? Porque foi exatamente através dele que eu vi tantas portas se abrirem, vislumbrei oportunidade, aproveitei para estudar, aprender e construir um networking bastante sofisticada.


A princípio ia para acompanhá-lo, não entendia dos negócios locais e por isso não pensei que meu trabalho estaria relacionado ao dele, mas aos poucos, tudo foi fazendo sentido para mim, eu como brasileira e inserida naquele privilegiado ecossistema, poderia conectar os dois países, Brasil e EUA. Em pouco mais de dois meses que estava aqui, enxerguei a minha primeira oportunidade de negócio.


Abri minha própria empresa em consultoria internacional focada nas relações de negócios entre o Brasil e os Estados Unidos. Visitei os consulados brasileiros de Los Angeles e de San Francisco, também visitei o escritório da Apex- Brasil em San Francisco e lá me compartilharam muitos excelentes contatos que me renderam um sócio sediado no Brasil.


Ao longo desses 6 anos, tenho conectado o Brasil ao Vale. Liderei missões formadas por brasileiros ao Vale do Silício, viabilizei reuniões exclusivas com a Apple, a Solar City, a Microsoft, Startups locais e principalmente com a Universidade de Stanford, local onde eu considero ter os mais significativos contatos.

Hoje, eu tenho a Cogita Partners, fundo de investimento cross-border que oferece a oportunidade para os brasileiros investirem em startups, oriundas do Vale do Silício.


Assisti muitas negociações, em diversos lugares do Mundo, lembro de reuniões na Europa, Ásia, Estados Unidos, mas nunca no Brasil e eu ficava me questionando o motivo.


David e muitos outros executivos me deram algumas respostas que me ajudaram a refletir e aos poucos eu mesma fui tirando minhas próprias conclusões.

Eles não falam o idioma português, não conhecem a cultura, as dificuldades, a burocracia e preferem fazer negócios com países em que eles são habituados, que falam inglês e que já desenvolvem parcerias há algum tempo.


Além disso, observei que o Brasil ainda não estava preparado para fazer aquele tipo de negócio, na velocidade intensa do Vale. Conversando com muitos brasileiros que trabalham no Vale e alguns empresários que trabalham com tecnologia no Brasil, percebi que o modelo de Startup, a forma de transformar a ideia em negócio, como levantar investimentos, tirar o plano do papel e ganhar muito dinheiro com isso, era um modelo de negócio do Vale do Silício, no qual ainda não estava enraizada na cultura brasileira de fazer negócios. A impressão que eu tinha era que, naquele momento, há 6 anos, fazer negócio com as pessoas no Vale do Silício, não era prioridade para o Brasil.


Felizmente, o Brasil vem mudando rapidamente quando o assunto é tecnologia. Atualmente tenho visto muitos brasileiros trabalhando com startups, bem como a formação de fundos especializados, destinados a investir em startups brasileiras, também, já acompanhamos algumas startups de muito sucesso que se transformaram em unicórnios.

Sabemos que o Brasil tem suas peculiaridades e devemos nos adaptar a realidade, porém essa mudança de paradigma e essa nova forma de fazer negócios no Brasil é bastante encorajadora, tanto para os empreendedores brasileiros quanto para os investidores brasileiros e motiva a nós, que temos conexões com investidores estrangeiros, a atrair capital de outros lugares e acelerar a formação do ecossistema de empreendedorismo local, focando nossas energias no desenvolvimento do nosso próprio "Vale Brasileiro".


AUTORA: Lorena Bakker





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